sexta-feira, 26 de setembro de 2008

O dia em que partimos


Acredito que saibamos como será; Pressentimos. Porém, não imagino se acordamos mais felizes do que de costume ou mais melancólicos. Se decidimos tomar banho pela manhã e vestir a roupa mais bela do armário ou se simplesmente optamos pelo corriqueiro.

Acredito que no dia da nossa morte somos mais perceptíveis aos sinais. Sentimos melhor o vento, vemos o céu mais azul, a comida mais saborosa, as pessoas com outros olhos (diferente dos de antes)... Mas não entendemos os signos.

As pessoas devem acordar saudosas. Sentindo falta dos que não vêem a tempos (encarnados e desencarnados). Com um aperto n’alma, achando que uma aspirina resolve. E de repente... Puf! Sente-se leve, ou desesperada, com uma dor de cabeça ou vai dormir...

Pensando bem é melhor assim: não saber o dia da nossa morte. Senão, não viveríamos de planos e sonhos. Não compraríamos aquele sapato ou blusa para serem usados na próxima semana. Não planejaríamos fazer aquela visita àquela cidadezinha que ficou perdida, sem tempo... E cheia de boas recordações.

Se soubéssemos o dia, a hora e o local evitaríamos de passar perto, de fazer aquele trajeto... Ah! Seria tão chato e desconfortável se descobríssemos...

Eu imagino que poderia ser como em uma festa de gala. Você poria o relógio pra despertar tal horário (o mais cedo possível “para aproveitar”). Abriria o guarda-roupa, escolheria, minuciosamente, passando dedo a dedo, as várias roupas e depois de um bom e relaxante banho, vestiria a tal roupa escolhida. Talvez com os olhos marejantes... relutantes. Mas o que mais me preocuparia seria se após isso, fôssemos para a sala, sentássemos na cadeira de balanço, em frente ao relógio e esperássemos de braços cruzados, segundo após segundo.

Talvez deixássemos pronto os inventários (pouparia grande trabalho). Deixássemos cartas, fotografias, mensagens de voz na secretária e desenhos, todos envelopados e com os destinatários certos. Mais não!
A verdade é: seremos surpreendidos!

A verdade é que muitos irão deixar feitos pela metade! Alguns sonhos planejados, alguma viagem marcada, alguma consulta em espera, algum telefonema, carta, mensagem não respondida. Algum eu te gosto sem ter sido falado.

As pessoas que ficam, às vezes, comentarão: Mas se ele não tivesse ido a tal lugar... Ou se eu tivesse dito para ele ter passado a noite aqui, talvez não tivesse acontecido...

Contudo, pensando bem: Será mesmo???
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PS: A foto foi tirada num braço da Represa de Três Marias, em um dia bastante calmo e feliz.

2 comentários:

  1. PERFEITO! Parabéns meninas!! E concordo, éaté bom não sabermos o dia que iremos ir, para sofrer menos!! Super Beijooos!

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  2. Ah! A graça de viver é nunca sabermos o que acontecerá daqui a pouco, e o partir faz parte do viver. Se soubessemos a hora do partir, tudo seria artificial, e o que mais tem graça na vida é o natural.

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